domingo, 18 de setembro de 2011

Falo como uma lunática? Então me dê a demência, me dê aqueles dias de novo. Me dê uma novela excêntrica daquele que sentia pena da humanidade, realizador de êxitos insignificantes, a dó de nada, a cidade absurda à minha volta, sortuda madrasta do meu relento, e acima, duzentos passos acima, no meio da cidade, degraus consagrados, senhor, ele os escalou à imortalidade! Um dia, vocês pessoas, seus incrédulos, esses degraus badalarão com a memória, e além daquela tarde naquele muro alto haverá uma placa de ouro, e sobre ela um busto - a imagem de um rosto. Estou sozinha agora? Minha solidão traz frutos, e haverá um lugar amanhã para lembrar que uma voz escalou esses degraus, e o mecânico na esquina chorará de alegria enquanto conta a seus netos que um dia falou com um homem das eras. Daí para meu quarto, para conversar comigo mesmo no espelho. Ou talvez para praticar um pouco para meus dias vindouros, para arrumar o espelho em um ângulo, para ver como fico sentada à máquina de escrever, respondendo perguntas, piscando pacientemente. 

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