segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Não há ninguém aqui, só eu sentada numa cadeira mastigando azeitonas

Tenho ficado em casa, dentro do quarto, sufocando na fumaça dos meus próprios cigarros. Demiti os namorado, as noitadas, os baratos. Às vezes ligo o videogame (é, eu tenho um, admito), que é o jeito mais cruel de substituir os amigos — que eu também demiti. Olhando as paredes dentro do quarto, falando sozinho, tropeçando nos móveis. A melhor maneira de fugir do mundo dos outros, esses que só me incomodam quando estão há menos de cem metros de mim. Até já pedi demissão da vida, mas os sacanas não aceitaram; alegaram que o meu contrato é vitalício (viver é uma eterna redundância). O jeito é ficar por aqui mesmo, no meu porre de Coca-Cola, revisitando meus livros empoeirados que há muito o mau gosto das pessoas fez esquecido. Na maior parte do tempo eu finjo que tá tudo numa boa, mas confesso que sinto uma puta falta do meu tempo, de quando ainda existiam jovens no mundo pra dividir a solidão. Agora só têm velhos, até as crianças são velhas. 

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