quarta-feira, 27 de abril de 2011

"O que os cirurgiões fazem aos cadáveres, limite-se a fazer com os seres vivos"

-Emile Zola

domingo, 24 de abril de 2011

Você ficou sem jeito, encabulado, ficou parado sem saber de nada quando eu falei que gosto de você.
Você olhou pra mim decididamente, você falou tão delicadamente...que eu não devia gostar de você.
Mas a vida é essa e apesar de tudo gosto de você e que se dane tudo. Quem sabe se nessas voltas que essa vida dá voce pode mudar de ideia e me procurar. Vou esperar, eu vou ficar aqui até a madrugada voltar e trazer você pra mim.

domingo, 17 de abril de 2011

respirar

Certas vezes me vem uma grande vontade e necessidade de mudança ou de simplesmente ir embora, viver outra vida longe das pessoas que já conheci. Conhecer pessoas novas em lugares novos, porque não? Há coisas que me entristecem, como o fato de minha geração não tentar lapidar o meu país como fez a geração dos nossos pais. Viver e suportar esses problemas que o mundo e os jornais esfregam na nossa cara dando risada é completamente devastador. As pessoas estão estáticas, conformadas com o pouco, com o nada; as pessoas se esqueceram dos ideais de paz, amor; ninguém se importa com o meio ambiente, nem com quem está ao redor. Essa não é a vida que eu quis, ainda que o mundo inteiro acorde quando vamos dormir. Tai o grande problema - o sono, a inércia. O tempo em que o mundo passa inerte dormindo, poderia ser o tempo de extravasar os sentimentos reclusos, de compartilhar sonhos, de desenvolver o amor e combater esse individualismo abjeto. Sinto saudades do mundo que imaginei pra mim - as vezes ele me foge da memória. Sinto saudades do tempo de querer bem. É tanto rancor e medo. O mundo está maltratando, as pessoas estão maltratando as pessoas, as pessoas estão maltratando o mundo, o mundo está maltratando as pessoas. Espero que esse ciclo seja drasticamente rompido. Mudem, enxerguem a vida de um modo mais pacífico, mais irreverente, mais aquariano.

no stalgia

Mas só muito mais tarde, como um estranho flash-back premonitório, no meio duma noite de possessões incompreensíveis, procurando sem achar uma peça de Charlie pela casa repleta de feitiços ineficientes, recomporia passo a passo aquela véspera de São João em que tinha sido permitido tê-lo inteiramente entre um blues amargo e um poema de vanguarda. Ou um doce blues iluminado e um soneto antigo. De qualquer forma, poderia tê-lo amado muito. E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida – reconheceu, compenetrada. Como uma ideologia, como uma geografia: palmilhar cada vez mais fundo todos os milímetros de outro corpo, e no território conquistado hastear uma bandeira. Como quando, olhando para baixo, a deusa se compadece e verte uma fugidia gota do néctar de sua ânfora sobre nossas cabeças. Mesmo que depois venha o tempo do sal, não do mel.

arriscar;

Temos em nossas mãos um mundo cheio de emoções. Que podem nos empurrar prum lugar tão utópico quanto os sonhos que nunca ousamos ter um dia. Um lugar muito acima de tudo isso.

fall.

O que eu sinto é uma longa queda, do alto da minha consciência, sobre tudo que é seguro.
 Eu não pude encontrar uma saída melhor, a não ser aquela que nos afunda até o escuro do maior precipício. Tem sido um longo tempo desde que vi seu sorriso. Eu apostei meu medo até as luzes da manhã brilharem. E agora já faz tempo que eu não sei o que é medo. Enchemos nossos dias de vazio. Não posso saber se estou ardente outra vez.

Onde poderiamos estar agora se eu tivesse sido quem eu não sou?

Eu poderia esperar a vida toda, sob a chuva, ensopada em mentiras. E por que não? Eu poderia esperar e encontrar uma saída mais clara. E quando eu descobrisse o caminho, eu indicaria-o, e escreveria um bilhete de desculpas, falando que eu anida sinto o entusiasmo fresco da juventude.

belo e proibido.

Nossos corações se entretiam em julho. Nós ficamos sob uma lua nascente. E suavemente algum dia em breve eu vou ouvir parte da falta que talvez eu tenha feito. Então, amanhã será um outro dia. Me alcançará já a milhas de distância. Ainda com um milhão de coisas pra dizer. Coisas ditas por dizer. E quando o crepúsculo escurecer acima do céu, eu recordarei incitações do meu amor.
Em alguns dias estivemos sozinhos. Em alguns dias só o que tivevemos foram nossas garrafas de rum. Nos aproximava e nos mostrava o que havia para achar. Mas quando anoiteceu você foi embora. Numa noite como esta nós caminhamos. E eu não vou tê-lo novamente. O amor se modificou. O amor que eu não soube ter.

Nos queimamos no chão;

um sorriso de domingo, nós sentimos de verdade
e deixamos uma visão pra recordar.

sábado, 16 de abril de 2011

Ele bebendo vodka defronte da Torre Malakof descobre que o chão do Recife afunda um milímetro a cada gole. Ele na rua do hospício, no meio do asfalto, fez um jardim. Em que paraíso distante ele espera por mim?
E eu virada pra Lua, rezando na igreja de são ninguém. Se o mundo for só de mentira, só eu acredito que existe além. Que existe outra natureza que venha ocupar o lugar do fim. Mas em que paraíso distante ele espera por mim?
Eu zerei meu passado e me escondi no escuro do furacão. E se eu vejo só alegria, só ele antevia a revolução
O mar derrubando o dique, invadindo a cidade enfim.
Em que paraíso distante ele espera por mim?

sexta-feira, 15 de abril de 2011

in danger;

daqui não tem mais volta, pra frente é sem saber. pequenos paraísos são riscos a correr.

eu quero tirar da cabeça tudo que mereça atenção;

A gente pode conversar sobre o que há de mais sagrado e ao mesmo tempo cometer os maiores pecados.
A gente pode falar de liberdade sem sair da prisão. Pode falar sobre o céu sem tirar os pés do chão.

problemas sempre existirão

A última palavra é a mãe de todo o silêncio, façamos silêncio para ouvir o último suspiro. Descanse em paz a mãe de todas as batalhas. Descanse em paz, dê o último suspiro. Façamos silêncio para ouvir o último poema. As mentiras da arte são tantas, são plantas artificiais, artifícios que usamos para sermos ou parecermos mais reais. Um pedaço do paraíso, uma estação no inferno, uma soma muito maior do que as partes:  as mentiras da arte.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

tente;

Tente outra coisa, tente ver as coisas de um modo diferente. Tente outra cor, e se não for amor, tente outro tipo de gente. Tente ver além do que você já tem à sua frente. Tente um mundo novo, uma nova era, tudo pode estar te esperando. Tudo pode estar  onde menos se espera. Tente a todo instante só o que manda o instinto. Tente refrigerante, vinho branco e vinho tinto. Tente ser Brasil de um povo Heróico, um brado retumbante. Tente o mundo todo, tente todo mundo. Ninguém vai ficar te esperando.
Tente outra coisa, tente ver as coisas de um modo diferente, por cima do muro, por baixo dos panos.
Tente outra vez o que você já fez.
Não é o que se pode chamar de uma história original. Mas não importa: é a vida real. Acordar de madrugada vindo de outro planeta. Sentir-se só;
Os muros da cidade falavam alto demais coisas que ela não podia mudar nem suportar. Ela quis voltar para casa, cansou da violência que ninguém mais via. Viu milhões de fotografias e achou todas iguais.
Ofereci abrigo, um lugar para ficar. Ela me olhou como se soubesse desde o início que eu também não era dali. E quando sorriu ficou ainda mais bonita. Tinha a força de quem sabe que a hora certa vai chegar.
Lágrimas no sorriso, mãe e filha, chuva e sol. Segredos que não podia guardar, e não conseguia contar.
Ainda ando pelas mesmas ruas. A cidade cresce e tudo fica cada vez menor. Agora eu sei que a vida não é um jogo de palavras cruzadas onde tudo se encaixa. O que será que ela quis dizer, 5 letras, começando com a letra 'A'?

Nada é divino

Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior. Mas trago na cabeça uma canção do rádio, em que um antigo compositor baiano me dizia "tudo é divino, tudo é maravilhoso". Tenho ouvido muitos discos, conversando com pessoas, caminhado o meu caminho. E não tenho um amigo sequer que ainda acredite nisso. Tudo muda, e com toda a razão. Eu sou apenas um rapaz. Mas sei que tudo é proibido, aliás, eu queria dizer que tudo é permitido.Até beijar você no escuro do cinema quando ninguém nos vê. Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve, correta, branca, suave, muito limpa, muito leve. Palavras são navalhas e eu não posso cantar como convém, sem querer ferir ninguém. Mas não se preocupe, meu amigo com os horrores que eu lhe digo, isso é somente uma canção. A vida realmente é diferente, quero dizer, ao vivo é muito pior.
Por favor não saque a arma no saloon, eu sou apenas um cantor. Mas se depois de cantar você ainda quiser me atirar...mate-me logo à tarde, às três que à noite eu tenho compromisso. E não posso faltar por causa de você. Mas sei, sei que nada é divino. Nada, nada é maravilhoso.
Nada, nada é secreto
Nada, nada é misterioso não.

             Belchior.

Todo suicida acredita na vida após a morte

Uma bala perdida encontra alguém perdido, encontra abrigo num corpo que passa por aqui. E estraga tudo. Enterra tudo. Tudo que ele deixou foi uma carta de amor para uma apresentadora de programa infantil. Nela ele dizia que já não era criança, e que a esperança também dança como monstros de um filme japonês. Tudo que ele trazia era uma foto desbotada recortada de revista especializada em vida de artista. Tudo que ele queria era encontrá-la um dia. Tudo que ele tinha cabia no bolso da jaqueta. E a vida quando acaba, cabe em qualquer lugar.

terça-feira, 12 de abril de 2011

que infinito é esse mesmo?

Verde musgo ensolarado...mel selva fresca...crepúsculo marítimo? Que verde é esse mesmo? Atlante, egipcio. Estou perdida. Desculpa minha falta de culpa.

sábado, 9 de abril de 2011

um anúncio tranquilizador;

Por favor, mantenha a calma, apesar das ameaças.
Sou só garganta;
Não sou violenta.
Não sou maldosa.
Sou só um resultado.

sexta-feira, 8 de abril de 2011


Tive vontade de dizer muitas coisas, sobre a beleza e a brutalidade. Mas que poderia dizer-lhe sobre essas coisas que já não soubesse? Tive vontade de explicar que constantemente superestimo e subestimo a raça humana — que raras vezes simplesmente a estimo. Tive vontade de perguntar como uma mesma coisa podia ser tão medonha e tão gloriosa, e ter palavras e histórias tão amaldiçoadas e tão brilhantes. Nenhuma dessas coisas, porém, saiu da minha boca. Tudo que pude fazer foi virar-me e dizer a única verdade que realmente sei. Eu a disse à ela e a digo a você: os seres humanos me assombram!

metamorfose oculta;

E se de repente o chão onde você pisa não for mais o mesmo? Se você sentir seus pés deslizarem a cada passo no que te manteve de pé até hoje?
Como estarão seus olhos quando perceberem que não tem nada igual naqueles outros olhos? Quando cada palavra te confortou a tempos atrás, não, você não previu que elas se tornariam farpas tão doloridas quanto um meio amor. Você não soube ver. E ainda que soubesse que machucariam seus sonhos, não recusaria tão cedo toda aquela promessa.
De repente não é mais possível advinhar o olhar, esperar as palavras, confiar.
De repente tudo mudou. E você não mudou.
De repente tudo sumiu como a fumaça que espairece no ar, como os gritos que eu ouço...
aqueles que amanhã eu não vou saber se são lembranças ou se são ecos. Eu não vou saber de onde vêm.

terça-feira, 5 de abril de 2011

você

Logo vai descobrir que até mesmo o teu fantasma é mais que uma só pessoa.
" um preto um pobre uma estudante
uma mulher sozinha
blue jeas e motocicletas, pessoas cinza normais
garotas dentro da noite...revolver, cheira cachorro
os humilhados do parque com os seus jornais
me interessam mais"

Exigia para mim instantes cada vez mais completos

Nesse momento lhe estavam a acontecer coisas que só mais tarde iriam doer mesmo: quando ela voltasse à sua vida comum, o corpo anestesiado estaria a acordar latejando e ela irira pagar pelas bebedeiras e infâmias.
Então, já que isso terminaria mesmo por acontecer, tanto me faz abrir agora mesmo os olhos. E tudo ficou mais nítido, embora sem nenhuma dor.

domingo, 3 de abril de 2011

é na ressaca que a gente percebe o quanto foi bom.

Aquela pessoa que eu suspeitava que nunca iria aparecer, apareceu.
Aquela coisa que eu suspeitava que nunca ia acontecer, aconteceu.

flores;

que desabrocham e morrem com a mesma velocidade com que brotam. Cruzando os caminhos perdidos do mundo esbarrando no amor. Nunca se olhando no espelho, e nunca encarando de frente todos esses intermináveis desejos que ficam indo e voltando por cada canto do corpo. Voltar, dormir e acordar, ver tudo sumir. Sumir quem eu vi que aceitou minhas viagens, as minhas vontades repentinas, minhas investidas vespertinas e os textos que escrevo cheios de nostalgia de ontem, noite cheia de liberdade. Transbordei todas as verdades mais sinceras que já tive coragem de confessar. Todos os meus defeitos irradiando de mim como que fossem ondas no ar. Não sei se eu prefiro ficar assim, perdida. Sei que não estava enganosamente feliz. Estava entregue. Agora estou longe. Pode parecer cedo mas eu entendi.



 

sexta-feira, 1 de abril de 2011