quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Um Poeta louco no Centro Velho de Santos...

Doente dos olhos, que viram mulheres formosas. Doente da boca, que disse poemas em brasa. Doente dos nervos manchados de fumo e café. Doente dos olhos, da boca e dos nervos, hoje estou em repouso, não quero e nem posso escrever. Eu só quero um punhado de estrelas maduras, eu só quero a doçura do verbo 'viver'.
Que legal , Santos antigo, a boca do lixo, bem que eu procurava o cheiro do tabaco, o gostinho dos bares do porto, as tatuagens dos marinheiros, e as putas. Santos antigo, boca do lixo, neoclássico, piratas de famílias portuguesas.. ouro, sangue, luxo e luxúria. As ondas do mar contra o silêncio, um deserto se movendo, o vento contando segredos.
Mas eu gosto mesmo é desse perfil de otário louco suicida, como um centro velho que sempre está lá, parece um dejavú. Não sei se lhe digo 'te amo' ou 'vai tomar no cu'. Esse centro velho abandonado que é você.. como um telefone que não funciona mas ainda manda a conta. Alô, saiba você que os plásticos não respiram e os telefones também não transpiram, saiba você que msn não goza e que internet não tem prosa, nem num mundo subterrâneo e silencioso, populado por por ossos feitos de marfim. Por que você não foi Rimbaud? Por que você não comprou os dentes de elefante? Por que você não deu atenção aos livros da estante? Por que você não compra uma bicicleta? Seria muito mais lindo.
Estamos a caminho da boca do lixo, e ainda há gente que considera isso um luxo. Eu que sou um poeta raso faço desse caminho um antepasso de presságios de um verso inútil. Me encontro com um agiota de amores, perdido numa noite sem flores que deve ter o que contar. Mas nada disso tem a ver com poesia, o que é que você sabe do meu dia? Não adianta fuçar o meu iogurte nem o meu blog nem o que há sobre mim nas ruas imundas dessa cidade. Eu já olhei nos olhos das pedras das ruas e elas disseram: silêncio! Pediram, por trás das grades do silêncio,que eu sumisse daqui levando um pedaço do amor que eu tive, que eu levasse a morte do resto do meu amor, que eu fosse pra onde você não entre.

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